Marcelo Bueno, de 33 anos, está prestes a ser pai de um menino, o Théo. Sua esposa, Andreia Bueno, está grávida de 7 meses e, junto com ele, compartilha a alegria e a ansiedade da vinda de um bebê. Sorridente, Marcelo conversou com o Tribuna de Jundiaí logo após o ultrassom de confirmação de sexo do seu filho e contou um pouco sobre os três anos de tratamento no Grendacc após descobrir um câncer com 13 anos.
A reportagem de Marcelo faz parte da série ‘Eu venci o câncer’, eu comemoração aos 23 anos do Grupo em Defesa da Criança com Câncer, o Grendacc, que completa o aniversário de pouco mais de duas décadas nesta quarta-feira, dia 18, e consagra-se hoje como um importante espaço em Jundiaí e região para o tratamento oncológico nessa faixa etária.
Marcelo contou que descobriu o câncer em 1998, quando tinha 13 anos, e que o tratamento durou até 2001, com 16. Para ele, um dos piores momentos foi o baque inicial, quando descobriu a LLA, Leucemia Linfoide Aguda.
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"Primeiro foi o baque da notícia, depois foi chegar no hospital que tem o nome de tratamento para criança com câncer. E quando você fica doente, sua familia também fica", disse.
O fez ter ainda mais força e se tornou um dos momentos mais marcantes foi o quando uma das médicas do Grendacc disse para ele que era importante crer. "Ela falou que 50% era eu e Deus e os outros 50% ela e a medicina. Ela disse para eu colocar Deus na frente, que ele ia nos iluminar e me ajudar", continuou.
Mas, como todo tratamento contra o câncer, não foi nada fácil, ainda mais por estar em pleno período escolar. "Na escola sofria preconceito por conta dos medicamentos, que me deixava inchado, aí ficava totalmente diferente do que era antes. Teve também a fase da radioterapia, que tinha que pintar o rosto a cabeça, aí depois emagreci, caiu cabelo, sobrancelha...", lembrou.
E ainda havia as restrições alimentares, que foram somadas à uma cirurgia de vesícula, e a necessidade de evitar lugares com aglomeração. "As pessoas nos veem com máscaras e acham que nós vamos passar infecção para elas, mas na verdade é o contrário, são elas que podem nos passar algo, por conta da imunidade baixa".
Para ele, o apoio do Grendacc e dos voluntários foi de extrema importância devido ao momento que passava. E a instituição, como disse Marcelo, não auxiliava somente a ele, mais a seus pais também, com todo o tipo de apoio, principalmente psicológico.
"Tinham muitos voluntários, passeios, viagens, acampamentos. Era muito divertido e essa alegria e diversão nos ajudou e nos deu força para aguentar essa fase difícil".
E, apesar do momento triste e difícil, sobraram amigos para o resto da vida. "Até hoje temos o grupo de ex-pacientes, para ajudar as pessoas que estão em tratamento atualmenten o Grendacc. E também o pessoal foi casando, chamando para casamento, batizado, aniversário", contou.
"Não tive sequelas e hoje, Graças a Deus, estou 100% curado". E, mais do que isso: vai ser pai, logo logo, do Théo. "Muita ansiedade, o quarto dele já está até pronto", garantiu.
E sua esposa, Andreia, também compartilha do mesmo sentimento. "Eu estava tranquila até o início dessa semana. Agora ele fica mexendo, não vejo a hora de ver a carinha. Muita ansiedade".
Atualmente o Grendacc fica na Rua Olívio Boa, 99, no Parque da Represa, e faz atendimentos ontológicos, hematológicos, cardiológicos, nefrológicos, neurológicos, tratamentos ambulatoriais, exames, além de serviços multidisciplinares.
No último ano, a instituição inaugurou o Hospital da Criança, que foi finalmente habilitado pelo Ministério da Saúde em fevereiro deste ano. Com isso, histórias como a de Marceçp serão cada vez mais corriqueiras e crianças e adolescentes encontrarão na instituição sua chance de cura.
