2 anos de fisioterapia sem nenhuma falta: a lição do guerreiro João Victor

2 anos de fisioterapia sem nenhuma falta: a lição do guerreiro João Victor

Com 12 anos, João Victor hoje se vê livre do câncer que descobriu dois anos atrás, em 2016. Por conta do osteossarcoma de tíbia, um tumor nas células ósseas, ele precisou passar por uma cirurgia de enxerto ósseo – e ficou alguns meses na cadeira de rodas. Foi aí que entrou a fisioterapia, que mesmo com a evolução lenta nos exercícios ao longo de quase dois anos, João não faltou nenhuma vez.

A reportagem de João Victor faz parte da série ‘Eu venci o câncer’, eu comemoração aos 23 anos do Grupo em Defesa da Criança com Câncer, o Grendacc, que completa o aniversário de pouco mais de duas décadas nesta quarta-feira, dia 18, e consagra-se hoje como um importante espaço em Jundiaí e região para o tratamento oncológico nessa faixa etária.

A mãe de João, Tatiana de Lima, presente em todo o tratamento, que foi feito no Grendacc, contou um pouco sobre como tudo começou. "Ele sempre gostou muito de jogar futebol. Um dia chegou reclamando com muita dor na perna, aquelas dores que a gente coloca gelo, passa gelol. Aí começou a inchar, levamos em um médico que fez um raio x e disse que não era nada", disse.

Mesmo com a diagnóstico do médico, que disse para continuar passando remédios para dores, João não via melhora. "Decidimos levar em outro médico, que pediu uma ressonância. Era um feriado, em 2016, quando descobrimos. Foi um desespero, nos abraçamos e choramos, eu, ele e o meu marido. Passou o feriado e, na segunda-feira, fomos atrás do tratamento do Grendacc", continuou.

Ela contou que quando o seu marido entrou no Grendacc pela primeira vez, veio o baque. "Foi quando a ficha caiu", disse. Mas ela garante que o apoio da instituição foi primordial, tanto para o filho, quanto para eles. "É também uma rede de apoio, são várias famílias se apoiando, se ajudando, além de uma equipe preparada para isso".

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Paciente do Grendacc no fim dos anos 90, ela já venceu o câncer duas vezes e hoje é mãe da Cecília

Então o tratamento começou e foram 60 sessões de quimioterapia, além de várias internações no Hospital Universitários e algumas outras complicações. O tratamento quimioterápico foi suspenso em março desse ano e, desde então, João continua tomando alguns medicamentos e fazendo fisioterapia, já que foi necessário passar por uma cirurgia de enxerto ósseo na perna: 20 cm do seu osso foi retirado para dar lugar a outro.

"Era como se o câncer tivesse deixado o osso 'aerado'. A maior emoção nesse processo todo foi quando ele saiu da sala de cirurgia, foi ver que tudo deu certo. O novo osso foi aceito pelo corpo e a médica disse que, em 18 anos, nunca viu um osso encaixar tão bem, nem precisou serrar. Foi na semana do aniversário dele, então vejo como um presente de Deus", continuou Tatiana.

E aí veio a parte mais lenta do tratamento, a fisioterapia. Já faz dois anos que João vai todas as semanas para o Grendacc, onde é atendido pela fisioterapeuta Talita Rodrigues. De lá para cá já foi andador, cadeira de rodas, duas muletas e uma muleta. Recentemente, no entanto, outra emoção: João conseguiu fazer os exercícios sem o apoio da muleta e, desde então, está sem elas.

"Depois de um ano os exames mostraram que o osso se consolidou, então ele podia colocar o pé no chão e começar o trabalho sem muleta. Mas mesmo antes, ele nunca faltou. O sucesso que se tem hoje é devido a colaboração dele e da família. E, quando eu vi ele andando, eu até chorei. Eu sempre soube que ele ia chegar nisso", contou a fisioterapeuta.

E, questionado se um dia ele pensou em desistir, João garantiu que não. Tímido, ele falou um pouco também sobre sua experiência no Grendacc. "Tem brinquedoteca, um monte de atividades, festa junina. Eles também são bem legais comigo", disse. 

Já a mãe, ao ser questionada sobre a emoção de ver o filho andar novamente, adaptado com o novo osso, ela garante que é algo difícil de explicar. "Quando vi ele andar sem a muleta eu vi um filme passar na minha cabeça. Foi muito difícil, cheguei a pensar que ia perder meu filho. Mas agora é só gratidão que ele está aqui com a gente e curado", finaliza Tatiana.

Atualmente o Grendacc fica na Rua Olívio Boa, 99, no Parque da Represa, e faz atendimentos ontológicos, hematológicos, cardiológicos, nefrológicos, neurológicos, tratamentos ambulatoriais, exames, além de serviços multidisciplinares.

No último ano, a instituição inaugurou o Hospital da Criança, que foi finalmente habilitado pelo Ministério da Saúde em fevereiro deste ano. Com isso, histórias como a de João Victor serão cada vez mais corriqueiras e crianças e adolescentes encontrarão na instituição sua chance de cura.

Em dois anos ele não faltou nenhuma vez na fisioterapia mesmo com evolução lenta nos exercícios 2João Victor e sua mãe, Tatiana de Lima

Em dois anos ele não faltou nenhuma vez na fisioterapia mesmo com evolução lenta nos exercícios 3Tatiana mostrando algumas lembranças dos últimos dois anos, dentre as várias atividades que João participou 

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