A polêmica Momo: “Controlar é difícil, mas supervisionar é preciso"

A polêmica Momo: “Controlar é difícil, mas supervisionar é preciso"

O acesso das crianças ao mundo da tecnológia tem sido cada vez mais fácil. Atualmente, muitas delas ficam expostas ao livre acesso à internet, televisão, jogos e diversos conteúdos que podem não ser apropriados para sua faixa etária.

Ao Tribuna de Jundiaí, a psicóloga Francine Cruz explicou que controlar tudo o que a criança faz é muito difícil, mas é preciso pensar em formas de supervisionar melhor os passos delas. "Estabelecer rotina, tempo ou horário para que elas fiquem na internet, televisão ou vídeogame é uma boa opção", afirma.

De acordo com a psicóloga, o controle começa no relacionamento que os pais desenvolvem com os filhos. "A criança precisa confiar em seus pais a ponto de contar tudo. Se ela fizer algo errado, precisa se sentir confiante em contar, mesmo sabendo que haverá consequência", explica.

Para ajudar os pais e responsáveis a cuidar e proteger as crianças, separamos algumas boas dicas para colocar isso em prática:

- Estabeleça sites, programas ou jogos específicos conforme a idade da sua criança. Isso evita o acesso de conteúdos inapropriados. "É importante conversar com sua criança e explicar o que pode e o que não pode, afinal, apenas proibir pode gerar curiosidade de assistir ou acessar quando estiver sozinho", diz.

- As crianças não devem ir para o quarto com celular ou ficarem mexendo no celular até adormecerem.

- Ao estabelecer a rotina da criança, não esqueça de se incluir nela. "Estabelecer um tempo de qualidade com as crianças é vital. Pode ser uma atividade juntos, uma brincadeira ou uma contação de histórias", indica Francine.

- As crianças aprendem por observação e repetição, ou seja: elas imitam aquilo que veem. "Vídeo inapropriados podem influenciar as crianças e levá-las a repetir aquilo que foi visto", diz.

- Para evitar influências negativas, procure estar com seu filho no momento que ele assistir os vídeos na internet. "Deixe ele conduzir para observar as escolhas dele e participe: 'Olha que vídeo legal!', 'Este vídeo parece ser engraçado', 'Este vídeo não é legal, podemos ver outro', 'não quero que você veja este vídeo, pois eles são maus'. Desta forma você ensina, participa e prepara seu filho para agir quando você não estiver ao lado dele", esclarece a psicóloga.

Meu filho viu algo que o deixou com medo. Como agir?

"Acolha seu filho. Quando temos medo, precisamos de proteção", é a primeira dica da psicóloga. Ela explica que gravar a criança em momentos em que ela se mostra assustada e insegura não é uma atitude legal. "Você precisa protegê-lo e não expô-lo", diz.

A psicóloga explica que, nesses momentos, é preciso ter paciência. Pode ser que a criança apresente comportamentos diferentes, como pedir para dormir com os pais ou solicitar mais a presença deles. "Dê todo o cuidado que ela precisa, pois isso vai passar", afirma.

Outra forma positiva de lidar com o medo é compartilhar experiências próprias, por exemplo: "Quando o papai/mamãe tem medo, eu canto uma música. Qual música você gostaria de cantar para espantar o medo?" ou "Quando estou com medo, eu digo bem alto: vai embora medo, porque eu sou muito forte e corajoso!".

"Use frases que incentivem seu filho a vencer o medo, que apesar de invisível, torna-se grande quando sentimos", destaca.

Ignorar ou valorizar?

Quando um conteúdo impróprio para crianças ganhar destaque, cabe ao adulto tomar uma posição. No caso da boneca Momo, tão falado e discutido nos últimos dias, a psicologa explica que quanto mais a foto ou o vídeo é acessado, mas ele fica preso à mente e isso pode ser prejudicial até mesmo para adultos.

"Sem perceber, o adulto vai ficando mais fragilizado, sensível e, muitas vezes, nem sabe porque se sente assim. Se algum dia a pessoa foi exposta a episódios de muito medo, alguns conteúdos podem ativar memórias ruins. Pode parecer bobagem, mas traumas e medos paralisam as pessoas", explica Francine.

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