Você já deve ter visto, pelo menos uma vez, notícias que destacam a cidade de Jundiaí em nível nacional como excelência no uso de tecnologias. Mas, saiba que, para ser considerada uma das cidades mais inteligentes do Brasil, há muito trabalho, estrutura, organização e investimentos por trás.
O App Jundiaí, aplicativo da Prefeitura que oferece mais de 100 serviços e facilita o acesso do cidadão com funcionalidades que permitem o agendamento de consultas médicas, acesso às vagas de emprego da cidade, consulta do cardápio da merenda escolar, entre outras, é um dos exemplos deste investimento.
No comando de todo este sistema está o diretor-presidente da Cijun (Companhia de Informática de Jundiaí), Amauri Marquezi de Luca. A Cijun é uma empresa de economia mista, criada em 1991, especializada em Tecnologia de Informação para o setor público, com soluções voltadas para sistemas de gestão pública, suporte, treinamento, central de atendimento.
Marquezi, por sua vez, nomeado em 2017 pelo prefeito Luiz Fernando Machado, trás na bagagem experiências tanto na área pública quanto na privada. E é neste aspecto onde ele mais busca trabalhar. Dar cara de empresa à companhia. "Não se
tem notícia de nenhuma cidade com um aplicativo parecido com o nosso. O Luiz é um cara muito antenado na área digital estamos investindo muito nisso".
Confira na íntegra a entrevista do Tribuna com o diretor-presidente da Cijun:
Tribuna de Jundiaí - Desde sua chegada à Cijun, qual podemos definir ser sua meta principal para estes quatro anos?
Amauri Marquezi - Cada vez dar a cara mais de empresa privada à Cijun. Jundiaí tem um conjunto privilegiado de soluções. Quando você compara com outros municípios brasileiros, isso é um privilégio. É um diferencial, nós temos mais de 130 sistemas aqui dentro. É um conjunto muito robusto de sistemas.
Tribuna de Jundiaí - O senhor tem vasta atuação no mercado privado, mesclada à experiência pública anterior. Como isto contribui para o desenvolvimento do trabalho na Cijun?
Amauri Marquezi - Minha carreira foi toda construída dentro da Tecnologia da Informação (TI). Fui sempre gestor de alguma forma, seja no mercado privado ou público. Mas, o mercado quer a sua experiência na área pública, mesmo na área privada. Este Know-how tem um valor para o mercado. Meu divisor de águas foi quando mudei para a área de vendas da Oracle. Imagine uma empresa americana das mais agressivas, com as metas mais altas possíveis. Foi quando migrei para a área comercial e a vinda pra cá não estava planejada. o Luiz Fernando me fez uma proposta que agradou muito, que é a valorização do governo em tecnologia e digitalização. E resgatar a visão dessa empresa moderna de TI que a gente pretende implementar. A Companhia está conseguindo um protagonismo importante, a partir da implementação do App. Não se tem notícia de nenhuma cidade com um aplicativo parecido com o nosso, onde o conjunto de funcionalidades é todo segmentado. O Luiz é um cara muito antenado na área digital, estamos investindo muito nisso, com o objetivo de melhorar a eficiência da máquina pública para melhorar o atendimento ao cidadão.
Tribuna de Jundiaí - E quais são os próximos passos?
Amauri Marquezi - O próximo passo que a gente quer fazer no governo é definir quanto tempo a Prefeitura tem para realizar ações como uma simples poda de árvore, por exemplo. Em nenhum momento a gente teve medo de trazer esses processos para aplicar essa pressão pra dentro. Isso é importante porque mostra claramente onde estão as falhas. A gente persegue sempre a melhoria destes processos.
Tribuna de Jundiaí - Até onde o trabalho com o App pode chegar. Qual o tamanho da parcela da população vocês esperam que possa se conectar a estes serviços?
Amauri Marquezi - Hoje, 80% dos lares brasileiros tem um smartphone ao menos. Ao mesmo tempo, eu tenho que pensar em uma estratégia para atender desde a senhorinha de 80 anos, até os mais jovens. Eu não posso chegar do dia pra noite e falar que a partir de amanhã, não existe mais o canal 156 por telefone, por exemplo. Essa transição tem de ser suave. Assim, acabamos tendo uma adoção da plataforma de forma mais orgânica. A estratégia que a gente tem adotado é ter
funcionalidades que realmente agreguem na vida dessas pessoa. Temos um crescimento orgânico constante. As pessoas baixam o App e ficam com ele no celular. Eu acho que estamos chegando em um limite de funcionalidades. A partir daqui o investimento deve ser em interação, com prestações de serviços cada vez mais focada na utilidade ao público. Quando você olha para um público tão heterogênio e tenta dar usos diferentes, este é o desafio. Temos mais de 30 mil downloads no app, com uma média de 400 downloads diários.
Tribuna de Jundiaí - Como o sistema GW (Sistema de Governança e Gerenciamento de Projetos) ajuda o governo na prática?
Amauri Marquezi - O GW é peça fundamental de um modelo de governança. A reforma administrativa era uma delas. Passar a operar por plataformas, era outra. E operar por projeto. Pra gente aqui na Cijun isso é muito comum. A diferença do nosso software é que a tarefa do projeto vai para a ponta. Vou dar um exemplo: está se construindo uma UBS (Unidade Básica de Saúde).Você tem lá desde o planjemanto, que vai para Obras, passando pelas opiniões de Mobilidade, DAE, etc... ou seja eles analisarão a viabilidade da obra e, assim, você tem o envolvimento de diversas áreas neste projeto. Então, a primeira mudança que teve foi: introduzir processos de planejamento estratégico como na inciativa privada. Pensando: o que eu tenho e onde eu quero chegar, de acordo com o Plano de Governo. Outra coisa importante é amarrar com o Orçamento. Aí você materializa isso dentro da ferramenta. Cada área alimenta o sistema, que tem o seu gerente de projeto específico. Assim, todo mundo sabe o que tem de fazer. Tão ou mais importante é o treinamento e a vivência na ferramenta. Aí vem a disciplina diária, com participação de reuniões específicas para destravar os projetos. O Governo vai fazer a cobrança. Temos uma reunião toda segundas-feiras para cobrar os responsáveis por cada projeto. Como se fosse numa empresa comercial. Essa cobrança por resultado é fundamental. O GW é uma peça fundamental nesse sistema.
Tribuna de Jundiaí - Como podemos posicionar Jundiaí em relação a outras cidades do país? Estamos à frente de cidades do mesmo porte em tecnologia e interatividade?
Amauri Marquezi - Eu acho que sim. Que cidade em que você tem Wi-fi no velório? Aqui você tem nos dois velórios da cidade. Você oferece um serviço no momento em que as pessoas mais precisam deste conforto para trocar informações. Você não vê esse caráter social em uma cidade como São Paulo, por exemplo. Eu acho que existem algumas experiências pra melhorar, mas num conjunto Jundiaí é muito consistente em termos de sistemas. Agora o desafio é fazer o uso mais inteligente dos dados para a gestão. Transformar dados em informações. E temos também outras preocupaçoes. Que Jundiaí a gente quer
pra 2040? Essa é uma discussão para a construção de uma cidade que você quer projetar para os próximos nos. Aí entra o eixo da tecnologia. Daí a preoucupação do prefeito na formação dos alunos em inglês e empreendedorismo, por exemplo. Não adianta achar que apenas águas e estradas são suficientes para uma cidade do futuro. Temos que pensar Jundiaí como polo de alta tecnologia.