‘Ele ampliou meu olhar’, diz professor de rapaz com paralisia cerebral que se formou em universidade

‘Ele ampliou meu olhar’, diz professor de rapaz com paralisia cerebral que se formou em universidade

Nos últimos dias, um vídeo circulou pelas redes sociais e, além de emocionar, inspirou muitas pessoas. As imagens foram gravadas durante a colação de grau de Juliano Augusto da Costa Rodrigues Peinado, 22 anos, que ser formava no curso de Rádio, TV e Internet no Centro Universitário de Campo Limpo Paulista (Unifaccamp).

Juliano não fala e tem a parte motora do corpo comprometida devido a uma paralisia cerebral. Durante o parto, Juliano teve "anoxia", ou seja, falta de oxigênio no cérebro.

Junto com a família, ele decidiu ingressar no curso superior de comunicação e acabou surpreendendo muitas pessoas.

Nossa equipe de reportagem conversou com Rafael Matoso, professor de Rádio, Edição de Vídeo e Direção de TV no curso de Rádio, TV e Internet. Ele contou que quando o Juliano entrou na faculdade, os professores ainda não sabiam como lidar com o fato dele ter paralisia cerebral, porém, no dia a dia, a realidade foi totalmente diferente.

ele ampliou meu olhar diz professor de menino com paralisia cerebral que se formou na faculdade 1Foto: Reprodução/Unifaccamp

“A mente dele é perfeita. Ele entende tudo o que você fala e se expressa muita bem, mas da maneira dele. Vimos que podíamos tratar ele normalmente, tanto em uma conversa, quanto durante uma explicação na aula”, conta o professor.

O professor também contou que, como todos os alunos, Juliano fazia todos os trabalhos e ajudava como cinegrafista em eventos da instituição.

“Nós colocávamos a câmera presa na cadeira de rodas dele para que ele conseguisse ajudar a gravar o evento. O resultado ficava muito bom, afinal, era o ângulo do evento visto por ele”, diz.

Para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Juliano apostou em um dos seus maiores hobbies: o rock n’ roll. O tema principal do trabalho foi a banda Ira!, formada em 1981. Juliano fez um documentário sobre a banda e, para isso, assistiu diversos shows deles.

“Os pais sempre deixaram claro que podíamos e devíamos tratá-lo como um jovem normal. Ele gosta de futebol, rock e muitas outras coisas”, relembra Rafael.

O professor fez questão de contar também que Juliano tem facilidade em editar vídeos no Adobe Premiere e também faz edição de fotos no Photoshop. Tudo isso através de um programa de computador que transforma o joystick do videogame em mouse. 

Ele usa um mouse trackerball fixado no apoio de pés da cadeira de rodas e, por meio dele, realiza os trabalhos e também se comunica.

ele ampliou meu olhar diz professor de menino com paralisia cerebral que se formou na faculdade 2Foto: Reprodução/Unifaccamp

“Quando eu pedia um trabalho, eu sabia que ele levava um pouco mais de tempo para fazer do que os outros alunos, então ele tinha um prazo a mais. Mas eu passava exatamente a mesma coisa para todos e ele entregava tudo certinho e sempre muito bem feito”, diz.

E o Juliano não foi o único que aprendeu diversas lições: os professores também aprenderam, e muito.

“O Juliano ampliou o meu olhar para esse universo. Foi gratificante para mim ser professor dele e eu espero, de coração, que o mercado de trabalho consiga enxergar todo o esforço que ele faz e contratá-lo. E não só ele, mas outras pessoas que têm paralisia também”, torce o professor.

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