Calígrafo mais antigo da cidade, ele já escreveu milhares de convites à mão

Calígrafo mais antigo da cidade, ele já escreveu milhares de convites à mão

José Antônio Corte, o Sr. Corte, de 70 anos, tem um amor inexplicável pela caligráfia, desde a época da infância. Aposentado desde 1997, ele se especializou na "arte da escrita bela", trabalho que faz há mais de 20 anos em Jundiaí e que o consolidou como o mais antigo na cidade atualmente e um dos mais conhecidos.

Mesmo em tempos digitais, onde um computador consegue recriar diversas fontes, o trabalho do seu Corte não saiu de moda. Pelo contrário: as pessoas admiram e reconhecem sua caligrafia à mão, feita com punteira de madeira e penas específicas para cada tipo de papel e fonte, bem como tintas guaches importadas da Holanda, específicas para o trabalho.

Já foram milhares de convites feitos por ele, artista nato, que recebeu a reportagem do Tribuna de Jundiaí enquanto escrevia convites para um casamento. Com calma e precisão, escreveu letra por letra, com cada detalhe das curvas das letras perfeitamente desenhado.

"Para fazer esse trabalho você precisa estar bem consigo mesmo, em paz, tranquilo, para não atrapalhar na coordenação motora. E precisa de concentração também. Quando estou aqui, esqueço do resto, ligo o meu 'radinho' e fico aqui. É uma terapia para mim", disse.

E, desde que ele começou, já atendeu muita gente, produzindo desde convites de formatura e casamentos, até diplomas e certificados de faculdades. Mas ele gosta mesmo é de convites de casamento, com a fonte que é sua especialidade: a cursiva inglesa.

"Fiz os convites de casamento do Daniel, que casou aqui na cidade, do jogador de futebol Nenê e também de políticos e outras personalidades da cidade", comentou. Ele já inclusive escreveu um convite direcionado ao Papa, já que a noiva tinha conhecidos dentro do Vaticano, que deram o convite para o Pontífice abençoar e depois trouxeram de volta ao Brasil.

O início

Mas, o Sr. Corte não exerceu a caligrafia a vida toda. A profissão só surgiu depois que ele se aposentou. Antes, ele trabalhou por 31 anos em uma empresa de produtos alimentícios, onde já era procurado pelos engenheiros para escrever nas cartolinas e nos lotes de produtos.

"Dentro de um trabalho de motivação feito dentro da empresa, eu precisava achar um calígrafo para escrever em um cartão de prata para premiar os funcionários dentro desse programa. Ele fazia esse trabalho e me chamou muito a atenção", continuou.

Quando já aposentado, cinco anos depois, ele teve um 'estalo' e decidiu fazer um curso de caligrafia, em Moema. "Aí me deu a vontade de colocar isso em prática", afirmou, lembrando que o amor pela letras já vinha desde criança, já que sua parte preferida das aulas era preencher os cadernos de caligrafia. "Mas nunca imaginava que ia trabalhar com isso", ponderou.

E hoje o, o Sr. Corte garante que faz o que ama. "Trabalhei por muitos anos em empresa. Hoje tenho meu horário, faço algo que é uma terapia para mim. Minha esposa também faz macramê. São os dois fazendo arte, dois setentões envelhecendo com dignidade", finalizou e brincou o calígrafo.

Confira algumas fotos do seu trabalho: 

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Cantinho de trabalho do Sr. Corte

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Alguns dos convites que ele já produziu 

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Uma de suas táticas é colocar fios esticados em cima dos convites que produzirá, para que a luz da luminária crie uma sombra de linhas. como no caderno de caligrafia 

Calígrafo mais antigo da cidade ele já escreveu milhares de convites à mão 5Para ele, a caligrafia é como uma terapia 

Calígrafo mais antigo da cidade ele já escreveu milhares de convites à mão 6O Sr. Corte coloca, sem dúvidas, muito amor em cada letra rabiscada


Calígrafo mais antigo da cidade ele já escreveu milhares de convites à mão 7Detalhes dos convites que ele produzia quando a reportagem chegou 

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