Cientista político destaca importância de se eleger candidatos da região

Cientista político destaca importância de se eleger candidatos da região

Entre debates eleitorais e discussões acirradas na internet, muito se fala sobre os candidatos à Presidência do Brasil, mas pouco são citados os cargos do Legislativo, que são compostos pelos deputados estaduais, federais e senadores.

O Tribuna de Jundiaí conversou com Wagner Romão, do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, que explicou um pouco sobre a importância da consciência na hora de votar nos cargos legislativos, levando em consideração não apenas as bandeiras em nível nacional dos candidatos, mas também as propostas em nível regional e municipal.

“Eu acho que podemos separar o trabalho dos deputados em dois grandes campos: o primeiro dele é o campo ligado aos grandes temas nacionais, em que pode ter candidatos mais voltados a pautas como políticas de saúde, agricultura, dentre outros, e também aqueles parlamentares mais conectados em ações locais, por meio da intermediação de recursos públicos com emendas”, explicou.

Para ele, um bom candidato deve ser aquele que articula as necessidades ligadas aos temas gerais da vida nacional, mas que também articula no campo de temas ligados às próprias localidades. “A proximidade com o poder Executivo é importante para a liberação de recursos para suas regiões”, reiterou.

Em Jundiaí e região são diversos candidatos concorrendo ao cargo legislativo nestas eleições. Ao longo dos próximos dias, produziremos reportagens destes candidatos locais demonstrando suas propostas sobre uma variedade de temas, que englobam assuntos como saúde, educação, segurança pública e economia, com o intuito de auxiliar os nossos leitores a votar de forma consciente.

No entanto, para o cientista político, ainda há uma certa tendência dos eleitores em votarem em candidatos famosos e midiáticos. “É muito compreensível que haja uma conexão dos eleitores com a pessoas que eles assistem e ouvem, esse fenômeno é bastante antigo. O eleitor quer votar em pessoas que eles se identificam”, continuou.

Além disso, há outro agravante: poucas são as pessoas que votam para estes cargos, que tem alta porcentagem de votos brancos ou nulos. “Os eleitores não têm muito a percepção de que eles [os cargos legislativos] são importantes. Acho que isso tem a ver com como as campanhas são organizadas, o próprio tempo da TV, que prioriza cargos ao executivo. Talvez com eleições separadas, como em muitos outros países, teríamos uma mudança neste aspecto. Da forma que ocorre, as pessoas acabam se identificando muito mais com os candidatos a presidente e a governador”, afirmou Wagner.

Mudanças

Uma pesquisa do Instituto Data Popular, feita antes das eleições de 2014, mostrou que há um alto grau de desconfiança, por parte do eleitorado brasileiro, em relação à classe política. Os candidatos a deputado estadual lideram o ranking, com 82% de desconfiança, seguidos por 75% dos candidatos a deputado federal; 65% dos candidatos ao Senado, 40% dos candidatos a governador, e os candidatos à Presidência da República, com 30% de desconfiança.

E com tantos escândalos de corrupção e desconfiança dos eleitores, será que mudanças significativas devem acontecer neste ano? Wagner acredita que não de forma tão significativa, mas espera que os eleitores ajudem no processo de renovação.

"Há uma grande insatisfação com a política, muita gente disse que não vai votar. Mas acho que essas mudanças ainda são muito lentas, de uma eleição para outra dificilmente haverá uma mudança substancial. As eleições do modo como estão montadas, de forma muito curta, acabam beneficiando uns em detrimento de outros, com tempo de televisão e com recursos financeiros muito ligados a partidos que já têm bancadas razoáveis, apoios e coligações", finalizou.

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