Hamburgueria batiza lanche com 'repOLHO ROXO' de "Maria da Penha"

Hamburgueria batiza lanche com 'repOLHO ROXO' de "Maria da Penha"

Uma hamburgueria situada na cidade de Salto (SP), foi centro de uma polêmica nas redes sociais, na segunda-feira, após ter batizado um de seus pratos com o nome "Maria da Penha", em alusão à lei de combate à violência contra a mulher, no que foi interpretado como uma piada de mau gosto pelos usuários.

No cardápio do estabelecimento, um dos hambúrgueres tinha, além do nome em referência à lei, a descrição dos ingredientes, que destacava a presença de repolho roxo grafado como "repOLHO ROXO" — com destaque de cor roxa nas letras maiúsculas.

Com fotos do cardápio, postagens começaram a ser feitas no Facebook e Twitter contra a atitude do estabelecimento, ressaltando os dados sobre violência contra a mulher no Brasil, além da história pessoal de Maria da Penha, cearense que inspirou a lei adotada em 2006. Penha foi vítima de duas tentativas de feminicídio e chegou a ficar paraplégica após agressões constantes do ex-marido.

Em um dos textos críticos ao restaurante, uma usuária ressaltava: "Os homens continuam não entendendo nada sobre respeito, e continuam satirizando a luta de milhares de mulheres diariamente para se manter vivas". Outro deles dizia: "Uma hamburgueria em São Paulo decidiu que era razoável nomear um dos hambúrgueres como Maria da Penha, porque um dos ingredientes era 'repolho roxo'.

Depois da repercussão, o dono do estabelecimento chegou a dizer que era uma homenagem, e trocou o nome do hambúrguer para 'Censurado'."

O nome do prato de fato foi alterado duas vezes após o início da polêmica. Na primeira mudança, o sanduíche recebeu o nome de "Censurado". Ainda sob críticas, o hambúrguer foi rebatizado novamente, desta vez para "Um lanche com repolho".

Ainda sem um posicionamento oficial do estabelecimento, usuários continuavam a criticar a postura do restaurante, que estaria insistindo na piada, sem se retratar. Em uma postagem no seu perfil pessoal, o proprietário cobrou mais respeito dos usuários pelos comentários feitos, antes da hamburgueria divulgar uma nota oficial sobre o caso.

"(a hamburgueria) gostaria de se retratar a todas as pessoas que se sentiram ofendidas em relação ao nome dado a um dos burgers presentes no cardápio, o Maria da Penha. Entendemos nosso equívoco em relação à escolha do nome e pedimos nossas mais sinceras desculpas pelo ocorrido. Em momento algum desejamos ser desrespeitosos com qualquer mulher, sendo ou não frequentadora do nosso espaço", dizia a nota, destacando que o restaurante "não compactua com qualquer tipo de violência" e que o cardápio foi alterado.

Mesmo após o comunicado, ainda na manhã desta terça-feira era possível encontrar críticas na página oficial da hamburgueria no Facebook.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos em agosto, a Central de Atendimento à Mulher — alcançada a partir do telefone de 180 — registrou 27 feminicídios, 51 homicídios, 547 tentativas de feminicídios e 118 tentativas de homicídios. Além disso, foram registrados quase 80 mil relatos de violência contra a mulher pelo mesmo serviço, no mesmo período.

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