As ararinhas-azuis estão voltando!

As ararinhas-azuis estão voltando!

As ararinhas-azuis estão voltando! É o que diz uma reportagem publicada na nova edição da revista Veja, desta semana.

Nativas da caatinga no norte da Bahia, as últimas avezinhas da espécie sumiram do céu brasileiro em outubro de 2000, não se sabe se por morte natural ou pela ação de predadores.

as livraram-se da extinção: uma parcela das que foram contrabandeadas para Europa e Ásia, sobretudo nos anos 1990, vítimas do tráfico de animais silvestres, acabou sendo resgatada por ONGs de preservação animal e acomodada em cativeiro.

Hoje, restam 158 arari­nhas-azuis, a maioria na Alemanha e umas poucas na Bélgica.

No ano que vem, em uma operação internacional de logística complexa e monitoramento constante, as aves viajarão de volta para seu hábitat e serão paulatinamente reintroduzidas na natureza.

Se tudo der certo, vão se reproduzir e voltar para onde pertencem!

As primeiras cinquenta aves que vivem em cativeiro vão trocar Berlim por Curuçá, na Bahia, no primeiro trimestre de 2019.

A medida faz parte de um acordo firmado entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio do governo, e as duas entidades que abrigam as aves salvas da extinção, a alemã Associação para a Conservação de Araras Ameaçadas e a belga Fundação Pairi Daiza, e vai envolver outras ONGs, empresas privadas, biólogos, veterinários e nutricionistas. 

“Na área da biodiversidade, este é considerado o mais desafiador projeto de reintrodução de uma espécie na vida livre”, afirma o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte.

O plano de ação para a volta das ararinhas-azuis começou com a criação, em julho, de duas áreas de conservação, no total de 120 000 hectares, uma em Juazeiro, a outra em Curaçá — os dois únicos hábitats do bichinho.

Nesse último município está sendo construído o centro de reprodução e reintrodução, viveiro que vai receber a primeira remessa.

As cinquenta desbravadoras viajarão em voo fretado de avião de carga viva até Petrolina, em Pernambuco, onde fica o aeroporto mais próximo. A viagem dura dez horas, em que passarão placidamente adormecidas (tendo sido medicadas antes) em caixas confortáveis, duas a duas.

Após o desembarque e a passagem formal da guarda, dos veterinários alemães para a equipe brasileira, as ararinhas-azuis serão acomodadas em uma caminhonete e levadas para Curaçá, onde iniciarão o longo aprendizado para a vida em liberdade.

Antes de tudo, precisam ser ensinadas a reconhecer e captar na natureza as sementes, folhas e frutas de que se alimentam, já que até agora receberam tudo na mão, ou melhor, no bico.

Faz parte do plano de ação recuperar e preservar a parte degradada da caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, com o plantio de pés de caraibeira, por exemplo, árvore alta onde os antepassados das aves faziam ninhos.

Para treiná-las a se defender serão usados sons e figuras de predadores como serpentes e macacos — o objetivo é causar medo e ativar o instinto de preservação.

Como são escaladoras, vão precisar saber distinguir qual galho é capaz de sustentá-las. Outro passo importante é conscientizar a população para que participe do processo de reintegração.

Por último, terão de entender que não são gente como a gente.

“Animais em cativeiro se percebem mais como humanos do que como seres de sua própria espécie”, observa a veterinária Camile Lugarini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres.

"Trata-se de um trabalho complexo, lento e gradual”, finaliza Camile. A previsão é que as primeiras sejam soltas e passem a viver por conta própria em 2021.

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