Psicóloga de Jundiaí dá apoio emocional a famílias de vítimas em Brumadinho

Psicóloga de Jundiaí dá apoio emocional a famílias de vítimas em Brumadinho

“Os abraços que damos aqui são aqueles que podemos sentir o coração do outro”, conta a psicóloga Renata de Lucca Zezza. Ela mora em Jundiaí e foi chamada para ajudar em Brumadinho.

Ela viajou na segunda-feira (11) e passará oito dias no local. Renata foi selecionada para atuar no Instituto Médico Legal (IML), para onde os corpos encontrados são levados.

Ao Tribuna de Jundiaí, a psicóloga contou que sempre teve no coração a vontade de ajudar pessoas e, por isso, decidiu formar-se em psicologia. Ela se inscreveu no "Transforma Brasil", programa que reúne voluntários de todo o Brasil e acabou sendo selecionada para atuar na cidade mineira.

psicologa de jundiai da apoio emocional a familias de vitimas em brumadinho 8Renata e outros voluntários que atuam em Brumadinho. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

“Meu objetivo principal é acolher, dar conforto, colo e amor”, conta emocionada. “Em segundo, como psicóloga, estou aplicando as teorias que aprendi para ajudar essas pessoas a enfrentarem o luto”, explica.

A psicóloga contou que este processo tem sido difícil para as famílias, uma vez que os corpos não podem mais ser reconhecidos. A identificação é feita por exame de DNA e, assim que o resultado fica pronto, as famílias são informadas.

psicologa de jundiai da apoio emocional a familias de vitimas em brumadinho 10Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

“O meu trabalho lá é receber, acolher e ajudar as famílias. Eles chegam revoltados pela tragédia. Inclusive, eu preciso falar o tempo todo que não sou funcionária da Vale, senão as pessoas não se abrem”, conta.

Já no período da tarde, Renata atua na comunidade. Lá, ela ajuda nos cadastros de moradores e distribui as doações que chegam de todo o Brasil.

“Tem as cestas montadas pelas voluntários. São cestas com produtos alimentícios, de limpeza, de higiene pessoal, itens para necessidades especiais e água, muita água. Também temos uma sala com roupas doadas. É como se fosse um brechó, as pessoas entram lá e escolhem as roupas”, relata.

psicologa de jundiai da apoio emocional a familias de vitimas em brumadinho 3Letreiro de Brumadinho coberto de peças de roupas. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Muito emocionada, Renata contou que, além do amor e acolhimento, ela tem trabalhado com as famílias sobre o recomeço. “Como recomeçar em uma cidade que ficou marrom?”, diz a psicóloga, que tem trabalhado sobre as fases do luto com os moradores, para que eles saibam que a dor existe, porém existe chance de recomeço.

“A cidade é humilde, formada de trabalhadores. A principal empresa de lá causou essa tragédia toda. É muito sofrimento”, enfatiza.

Além dos abraços, conselhos e atendimentos, Renata também carrega cestas básicas de casa em casa e visita pessoas que se machucaram durante a tragédia, além daquelas que se encontram em estado de choque.

psicologa de jundiai da apoio emocional a familias de vitimas em brumadinho 4Divisa feita entre a barreira de lama que invadiu Brumadinho. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Renata vai continuar em contato com os moradores de lá mesmo quando voltar. “Brumadinho vai precisar de muita ajuda por muito tempo ainda”, conta a psicóloga, que volta em alguns dias para Jundiaí e pretende continuar procurando por projetos voluntários em que possa atuar.

Recomendados para você