Jornalista de Jundiaí está à frente de Instituto que combate terapias não comprovadas no SUS

Jornalista de Jundiaí está à frente de Instituto que combate terapias não comprovadas no SUS

Educar a população e cobrar as autoridades: estes são os dois princípios básicos do "Intituto Questão de Ciência", que será lançado nesta quinta-feira (22). Com isso, durante a fase inicial, o intuito é questionar os gastos públicos com as chamadas 'pseudociências' dentro do SUS (Sistema Único de Saúde). Um dos integrantes é Carlos Orsi, jornalista de Jundiaí.

"Vamos fazer um ativismo frente às autoridades para pressionar a adoção de políticas públicas baseadas em evidências científicas. Se as medidas feitas pelo governo forem baseadas nisso, essas políticas serão mais eficientes, gerando um custo-benefício mais barato", informa Carlos, que é também escritor de divulgação científica.

Com o Instituto, o primero passo será combater as 'pseudociências', que englobam tudo que aquilo que se veste de maneira científica, embora não tenha evidência comprobatória, como é o caso de 29 terapias oferecidas pelo SUS, como homeopatia, dança circular, geoterapia, dentre outras. Para Orsi, a meta inicial é convencer o governo a deixar de pagar por essas terapias.

"Vamos publicar e disseminar, com linguagem acessível, as evidências e não evidências de uma série de tratamentos oferecidos pelo SUS. Um exemplo é a homeopatia, prática que existe consenso científico de que não funciona, mas que gera gastos para as prefeituras, já que o SUS nacional autoriza. Com isso, essa quantia gasta poderia ser repassada para terapias com comprovações e evidências reais", continua o jornalista, lembrando da falta de recursos para várias outras áreas da saúde pública.

O projeto é inspirado em iniciativas de outros países, que já baniram do sistema público terapias do gênero. Exemplos são o Reino Unido e Austrália. A Espanha também lançou, na última semana, um plano nacional contra as pseudoterapias, para eliminar as práticas não comprovadas do serviço público e descaracterizar os estabelecimentos que as oferecem como centros de saúde.

Para o jornalista, a adoção de políticas públicas que levem em consideração o conhecimento científico é comparável à contrução de um avião. "Se você quer construir um avião usando a intuição, não vai dar certo. Para construir é necessário seguir as leis da física, da aerodinâmica, para que a aeronave seja segura. As políticas públicas são parecidas com isso, com evidências científicas elas são mais eficientes e menos custosas", reitera.

Outro ponto da nova iniciativa será a adoção do "Observatório da Pseudociência", um serviço gratuito de fast-checking científico, que analisará as declarações de autoridades, celebridades, figuras públicas, anúncios publicitários e conteúdos jornalísticos, para combater a chamada 'fake science', comparáveis às fake news.

O Instituto reúne integrantes da comunidade científica e dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, além de pró-reitores de pesquisa de USP, Unesp e Unicamp. Dentre os que apoiam, estão os médicos Drauzio Varella e Paulo Saldiva, que é diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP, o químico Walter Colli e o biólogo americano Richard Dawkins.

À frente do projeto, além de Carlos, estão a bióloga da USP e pós-doutora em microbiologia e genética molecular, Natalia Pasternak Taschner, o diretor do Instituto de Física Teórica da Unesp, Marcelo Yamashita, e o psicólogo e advogado Paulo Almeida, organizador do TEDxUSP.

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