Adolescente de Jundiaí arrecada mais de 1,5 mil livros para biblioteca em campo de refugiados

Adolescente de Jundiaí arrecada mais de 1,5 mil livros para biblioteca em campo de refugiados

Bianca Torres tem 15 anos e, em fevereiro deste ano, foi notícia aqui no Tribuna de Jundiaí por ter inspirado a criação de um projeto inovador em todo o mundo. Em visita a um campo de refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), em Lóvua, na Angola, ela sugeriu a criação de uma biblioteca. Mal sabia que o projeto seria aprovado - e que ele seria pioneiro em todo o mundo.

Tudo começou quando a jovem decidiu trocar a sua festa de 15 anos por uma viagem para a África, após se interessar pelo continente em uma aula de geopolítica na escola. Ela visitou, então, um campo de refugiados na Angola, onde viviam pessoas que fugiram da guerra civil da República Democrática do Congo. Mas ela não só visitou, como também inspirou a criação de uma biblioteca. Depois, veio a fase da arrecadação dos livros, que têm sido um sucesso: já foram mais de 1,5 mil livros arrecadados.

Antes da viagem, Bianca contou que arrecadou cerca de 70 gibis e levou para as crianças. “Não tinha gibi suficiente para dar para cada uma delas. Foi aí que surgiu a ideia de montar uma biblioteca no campo e eu dei a sugestão. A ideia foi repassada para a ONU, que aprovou. A previsão é que o projeto seja implantado ainda este ano”.

O Campo de Refugiados onde Bianca visitou tem uma média de 35 mil habitantes, a maioria crianças. Na República Democrática do Congo a língua é o ficial é o francês e existem alguns outros dialetos, mas ao se mudarem para a Angola surge a dificuldade da língua: o país fala português e é necessário aprender o novo idioma, o que pede materiais de apoio e também de voluntários.

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“Pensamos em colocar algo cultural para as pessoas dentro do campo, com livros de entretenimento, não apenas de alfabetização. A ideia é de levar cultura para eles”, explicou o pai da jovem, Demetrius Torres.

A mãe, Jéssica Castro, garantiu que a arrecadação está um sucesso. "A EtecVav, atual escola da Bianca, atraves do grêmio estudantil, arrecadou aproximadamente 1500 livros e metade irá para o projeto. O Colegio Divino Salvador, escola dela até 2017, arrecadou aproximadamente 700 e os livros já estão no ponto de arrecadação. O Rotary e os estudantes do Sesi também fizeram doações grandes", contou.

Ela disse que a maior parte das doações dos livros foram feitos por amigos e pessoas que viram as reportagens. A repercussão em Jundiaí foi tanta que, segundo Jéssica, há vereadores interessados no projeto de sua filha, afim de inaugurar bibiliotecas em comunidades carentes da cidade.

E a jovem Bianca, ao ser questionada sobre seu sentimento frente à situação, de saber que inspirou um projeto desse nível na principal instituição de direitos humanos do mundo, respondeu sem titubear. “Eu sinto que eu fiz apenas meu dever. Eu não poderia ter conhecido essa realidade e não ter feito nada para ajudar”, disse.

Os interessados em realizar a doação, podem dirigir-se até o posto fixo de arrecadação, na Barberia do Conde, que fica na Rua Albino Putini, 166 - Vila Guarani.

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