"Um ato de insistência, coragem e amor", diz mãe que teve dificuldades na amamentação

"Um ato de insistência, coragem e amor", diz mãe que teve dificuldades na amamentação

Sandrine Gáspari, de 36 anos, é mãe da Cecília, atualmente com 4 meses. Mãe de primeira viagem, ela acreditava, como a maioria das mães, que o processo da amamentação seria fácil e simples. "No começo a gente tem a expectativa de que o bebê vai simplesmente mamar e vai dar tudo certo", contou ao Tribuna de Jundiaí.

Sua reportagem faz parte de uma série em prol da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que acontece entre os dias 1 e 7 de agosto, como forma de conscientizar a amamentação para a sobrevivência, proteção e desenvolvimento da criança.

No caso de Sandrine, a maior dificuldade veio na primeira semana de Cecília, conforme ela contou. "Você espera que o bebê vai chorar de fome, você vai dar o peito e ele vai mamar. A Cecília não tinha isso, ela não acordava para mamar, a gente que tinha que acordar ela, chegava ao ponto até de ter que tirar a roupa dela, deixar só de fralda. Foi difícil", lembrou.

Com dois dias de idade, a mãe conta que sua filha teve que passar por um procedimento de corte no freio, já que ela havia nascido com a língua presa, fato que dificultou a amamentação logo nos dois primeiros dias - e o que machucou o bico do seio de Sandrine. Somado à isso, os seios estavam cheios de leite, mas não desciam e era necessário ordenhar.

"Como sou mãe de primeira viagem, eu achei que o simples sugar do neném não empelotasse o leite. Então eu comecei a sentir nódulos no seio, vi que o leite 'desceu e não desceu'. Além disso, tinha um bico praticamente em carne viva. Aí o outro ainda tentei fazer estração com bombinha, mas na hora que coloquei a bomba já sangrou. Foi machucando que a coisa foi acontecendo", disse.

Ela diz que o momento mais marcante foi quando, lá pelo quinto dia após o parto, o leite decidiu finalmente descer. "Estava usando a concha rígida e o leite desceu e vi a concha cheia de leite, vi que minha filha se manteria alimentada, mesmo mamando errado, me machucando. Foi uma vitoria muito particular, muito importante para a gente", contou, também se referindo ao seu marido, que segundo ela foi o seu principal apoio durante essa primeira semana.

Para ela, as dificuldades no pós-parto devem ser superadas por meio de um 'trabalho em equipe'. "A participação do pai e marido nesse amparo é extremamente importante, porque ele cuida da mãe e ela cuida da criança. A amamentação é um trabalho de equipe entre pai, mãe e filho. E a mãe precisa ter muita coragem, insitir, já que a maioria diz que a primeira semana é muito crítica", continuou.

Para a mãe da Cecília, amamentar é um ato de insistência, coragem e amor. "Você vê aquele ser indefeso que precisa do seu leite e ao mesmo tempo você quer dar esse leite para o seu bebê. A gente não admite não conseguir, mesmo machucado a gente insiste. Hoje o que me fez a diferença foi a tomada de consciência que minha filha precisava que eu desse o leite para ela. Como provavelmente será minha única filha eu não queria passar por esse processo sem tentar ao máximo, sem ir ao meu limite".

Como dica, Sandrine diz que, antes do bebê nascer, é importante que os pais passem no pediatra escolhido para pegar orientações e que eles também permitam que esse especialista participe dessa primeira semana junto, acompanhando todas as dificuldades. "Nós deveríamos ter feito isso e não fizemos", disse.

Ela diz que o que ajudou muito foi uma consultoria de aleitamento, que lhe mostrou como amamentar da melhor forma de acordo com o seu caso e da sua filha. "Até você pegar afinidade, o jeito que ela mama, é um aprendizado enorme, uma mudança na sua vida", finalizou.

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