Casal de idosos ganha concurso de dança e doa prêmio ao Grendacc

Casal de idosos ganha concurso de dança e doa prêmio ao Grendacc

Se você ganhasse um prêmio em uma competição, o que faria com ele? Provavelmente, já haveria até uma lista de coisas para serem realizadas. Para Milton Rodrigues, 73 anos, e Neide Camargo, 80 anos, que estavam em busca de uma premiação, o objetivo era muito claro: ajudar o Grendacc – Hospital da Criança.

Em uma entrevista pra lá de descontraída à equipe de reportagem do Tribuna de Jundiaí, Milton contou sobre a atitude do bem que ele e Neide, sua parceira de dança, tiveram ao ganhar em primeiro lugar como revelação na categoria adulto do Enredança 2018. Ao receberem o prêmio, eles realizaram algo que já estava no coração dos dois desde o início: doaram todo o valor para ajudar o hospital.

“Tanto eu como a Neide, sentíamos muita dor no coração quando ouvíamos as notícias sobre a situação do hospital”, conta Milton. Quando eles decidiram participar do Enredança, ambos já determinaram que, se a vitória viesse, o prêmio seria do Grendacc.

Sobre as experiências com a dança, Milton conta com entusiasmo que tanto ele, quanto a Neide, dançam nos bailes de Jundiaí toda sexta e todo domingo, e são parceiros de dança há cinco anos. Juntos, já participaram de outros concursos. Um em Itatiba e outro em Limeira, representando a cidade de Itatiba. Nestes, ficaram em 4º lugar nas duas participações.

“Nós não ficamos entre os finalistas por burrice”, brinca Milton. “Eu queria fazer algo diferente, então tentei fazer um passo de samba e, claro, não deu certo e ficou feio. Uma das juradas até disse que isso pode ter afetado nas notas finais”.

A participação no Enredança 2018 se deu quando Neide, através do rádio, ficou sabendo da competição e logo contou ao parceiro. Ele foi imediatamente fazer a inscrição e, por sorte, conseguiu preencher a ficha, já que o prazo estava acabando.

O que ele não esperava era que, para participar da competição, era necessário criar uma coreografia autoral e a apresentação deveria ter, obrigatoriamente, cinco minutos. “Quando eu fiquei sabendo, coloquei a mão na cabeça e disse ‘ixi’. Cheguei em casa e já comecei a procurar o conceito de coreografia. Sabe o que quer dizer? Quer dizer teatro com dança, ou seja, não podíamos apenas dançar, precisávamos encenar também”, relembra Milton.

Depois de tantas pesquisas, Milton chegou na ideia final da coreografia, que recebeu o nome de “A Valsa”, apresentada por ele e Neide nos palcos do teatro Polytheama. “A coreografia era a seguinte: eu entrava no palco com uma bengala, mancando e sentava próximo à uma mesa. Lá eu acabava adormecendo. Então, no sonho, a Neide entrava dançando e me convidava para dançar com ela. No fim da música, eu sentava na cadeira novamente enquanto ela saia do palco e assim, acordava do sonho”, conta sem esquecer os detalhes.

A certeza de que havia nascido um bom trabalho era claro no coração da dupla, mas não esperavam ganhar em primeiro lugar. “Um conhecido estava lá assistindo e ele disse: ‘Milton, vocês foram aplaudidos de pé até pelos jurados’. Acredita que eu mesmo nem vi? Em cima do palco a gente desliga e nem vê o que acontece”, comenta.

Milton relembrou o esforço para criar a coreografia e os ensaios para que tudo ficasse de acordo. Esforço esse que valeu muito a pena e rendeu o prêmio de revelação da categoria adulto da competição. A doação foi feita logo em seguida e entregue em mãos para Verci Bútalo, presidente do Grendacc.

“Desse mundo não se leva nada. Se todos ajudassem com um pouquinho por mês, já ajudaria bastante. O que eu tiver para fazer de bem, eu vou fazer”, recado este, que Milton deixa a todos os leitores do Tribuna.

Recomendados para você