Depois de quase 30 anos na rua, ele reencontrou sua família

Depois de quase 30 anos na rua, ele reencontrou sua família

Darlan Santana, de 39 anos, vive nas ruas de Jundiaí desde, pelo menos, 2001. Mas, antes daqui, ele já conhecia essa realidade, já que está nesta situação desde aproximadamente 12 anos de idade. De acordo com a Casa de Passagem SOS Jundiaí, ele foi para o orfanato com seus irmãos quando criança, mas foi o único que não foi adotado. Depois, na rua, viveu por quase 30 anos. No entanto, sua realidade mudou na última semana: e para muito melhor.

“Em 2008 ele veio aqui pela primeira vez. A partir de 2016 ele começou a frequentar mais vezes e a gente começou a desenvolver um trabalho mais profundo com ele, já que até então ele não se permitia, até por um comprometimento cognitivo que ele tem”, conta o psicólogo da SOS, Felipe Teixeira.

A ONG, conveniada com a Prefeitura de Jundiaí, presta serviços para a população que vive na rua e em condições de vulnerabilidade social. O espaço busca auxiliar pessoas que querem se reestruturar, tendo todo o acompanhamento multiprofissional, com psicólogos, assistentes sociais, cuidadores, profissionais da saúde, alimentação e camas para a pernoite.

“Esse trabalho frequente fez com que ele diminuísse o uso do álcool e do crack. A partir disso, a gente começou a buscar mais sobre seu histórico, já que ele não trazia informações muito concretas. Consegui então entrar em contato com um órgão de saúde de Jundiaí, em que havia registrado sua passagem em 2001, com o histórico de um celular no sistema. Ligamos para esse número, sem expectativa alguma. Mas uma cunhada dele, de Campo Grande, atendeu”, contou.

Depois, Felipe conseguiu o contato com três dos irmãos de Darlan, o que ocasionou um grande impacto e emoção para a família. Depois disso iniciou-se o processo de reaproximação familiar, ainda mais fortificado após, no início deste ano, Anderson Santana, um de seus irmãos, demonstrar um grande interesse em acolhê-lo em sua casa, na cidade de Curitiba.

Na última semana aconteceu o grande reencontro, mas não sem antes ter tido uma grande preparação: em Curitiba, Darlan continuará sendo assistido por entidades como a SOS, bem como passará por apoio psicológico e psiquiátrico como estava sendo aqui em Jundiaí nos últimos meses. Na casa de seu irmão, ele também terá um quarto só para ele, com televisão, microondas e geladeira.

“Ele é bem introvertido, mas na hora que ele viu o irmão ele ficou bem emocionado. Para mim foi muito especial, já que ele foi bem acolhido. Seu irmão não abriu só a casa, mas o coração para ele. Eu vejo o Darlan com várias potencialidades a serem desenvolvidas, com melhoras na saúde, busca por autonomia, independência, um trabalho... São passos que devem ser respeitados os ritmos dele, mas eu tenho muita esperança que vai dar tudo certo”, continua.

Para o irmão, Anderson, é muito gratificante poder acolher Darlan. “Fomos separados quando crianças, fomos criados sozinhos e distantes. Fiquei muito feliz de ter encontrado e ter trazido ele para cá”, conta.

Para Felipe, no entanto, este não é o final de uma história feliz: é apenas o começo.

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